A situação da Mitsubishi não está nada fácil. A montadora japonesa, que já vinha enfrentando desafios no mercado global, revisou sua previsão de lucro para o ano fiscal que se encerra em março. O corte foi drástico: a estimativa de lucro líquido caiu de ¥144 bilhões para apenas ¥35 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 1,3 bilhão na cotação atual. Essa redução de 76% sinaliza um momento delicado para a empresa, que precisa lidar com uma série de dificuldades financeiras e operacionais.
Motivos por trás da crise
Vários fatores contribuíram para essa queda brusca nas expectativas da Mitsubishi. A empresa apontou como principais razões o desempenho fraco no setor atacadista, o aumento das despesas com marketing na América do Norte e os custos elevados dos fornecedores devido à inflação global. Isso significa que, mesmo vendendo carros, a montadora está tendo dificuldades para transformar essas vendas em lucro.
Além disso, a Mitsubishi ajustou suas metas de vendas para 2025. A previsão inicial era comercializar 895.000 veículos, mas esse número foi reduzido para 848.000 unidades. Ainda que esse volume seja maior do que os 815.000 carros vendidos no ano anterior, a queda na projeção preocupa os investidores e coloca um sinal de alerta sobre o futuro da marca.
Sudeste Asiático: o epicentro da crise
Uma das principais dores de cabeça para a Mitsubishi está no Sudeste Asiático, região que historicamente sempre foi um mercado forte para a empresa. No entanto, a montadora está enfrentando dificuldades para manter sua posição nesses países.
A Tailândia, que já teve uma demanda anual de cerca de um milhão de veículos, ainda não conseguiu recuperar os níveis de compra registrados antes da pandemia. Para piorar, a crise econômica local e o aumento do endividamento das famílias têm feito as vendas caírem ainda mais nos últimos dois anos. O CEO da Mitsubishi, Takao Kato, destacou que a falta de recuperação do setor automotivo na região está diretamente ligada à alta taxa de endividamento das famílias tailandesas e à desvalorização da moeda local.
Na Indonésia, outro mercado importante para a montadora, a situação não é muito diferente. O desaquecimento da economia local e a concorrência com outras fabricantes têm pressionado a Mitsubishi, que luta para manter sua participação no mercado. Com a demanda em baixa, a empresa precisou tomar medidas drásticas para reduzir custos.
Cortes e reestruturação
Para tentar conter os prejuízos e manter a operação viável, a Mitsubishi está promovendo uma reestruturação em suas unidades no Sudeste Asiático. Como parte desse plano, a montadora anunciou um programa de aposentadoria antecipada para 300 funcionários na região. A expectativa é que essa redução no quadro de funcionários ajude a equilibrar as finanças, mas a decisão reflete o momento delicado que a empresa enfrenta.
Além dos cortes de pessoal, a marca também está reavaliando seus investimentos em marketing e produção para tentar melhorar a rentabilidade. No entanto, os desafios ainda são grandes, e a Mitsubishi precisará de uma estratégia bem definida para retomar o crescimento e evitar uma crise ainda maior nos próximos anos.
Diante desse cenário preocupante, resta saber como a empresa vai reagir e quais medidas adicionais podem ser tomadas para superar essa turbulência financeira.