Parece que o casamento entre Honda e Nissan nunca teve futuro mesmo. A tentativa de fusão entre as duas montadoras japonesas chegou ao fim antes de sequer sair do papel, e um dos principais motivos foi uma exigência polêmica da Honda: a Nissan deveria abandonar seu próprio sistema híbrido, o e-Power, em favor da tecnologia da rival.
A informação foi revelada pelo jornal japonês Yomiuri Shimbun e confirma que a relação entre as duas marcas estava longe de ser equilibrada. A Honda queria transformar a Nissan em uma espécie de subsidiária, algo que irritou profundamente os executivos da marca de Yokohama, responsável por ícones como o Skyline e o GT-R.
Para a Nissan, abrir mão do e-Power não fazia o menor sentido. O sistema vem recebendo investimentos pesados e já está indo para sua terceira geração, prometendo ser 20% mais eficiente e 15% mais econômico do que a versão atual. Desde 2016, a tecnologia tem se mostrado um diferencial, especialmente na Ásia, onde já equipa modelos como o Note. Nos Estados Unidos, a estreia está prevista para 2027 com o SUV Rogue, enquanto na Europa o Qashqai receberá a novidade em 2026. Já na América Latina, o lançamento segue sem previsão.
Mas afinal, o que é o e-Power? Diferente dos híbridos tradicionais, ele usa um motor a combustão apenas para gerar energia para o propulsor elétrico, sem conexão direta com as rodas. Com isso, a Nissan promete uma experiência parecida com a de um carro 100% elétrico, mas sem a necessidade de recarga em tomadas. Já a Honda aposta no seu sistema e:HEV, que combina motores 1.5 e 2.0 operando no ciclo Atkinson e promete uma redução de peso de até 90 kg nos próximos modelos.
Com o mercado desacelerando a transição para os elétricos puros, os híbridos de nova geração podem se tornar uma alternativa mais acessível. Especialistas apontam que, até 2027, esses carros podem ser 50% mais baratos do que os lançados em 2018. A Honda, por exemplo, já conseguiu reduzir em 25% os custos do Accord Hybrid na América do Norte.
No fim das contas, cada montadora segue agora com sua própria estratégia para o futuro dos eletrificados. Se a fusão tivesse acontecido, talvez a Nissan tivesse que abrir mão de uma de suas maiores apostas. Agora, livre das amarras, a marca segue firme no desenvolvimento do e-Power e de sua própria identidade.