A Ferrari tá num momento tão bom que parece até cheat code: bateu recorde de vendas, tem fila de espera gigante até 2026 e ainda lidera de lavada quando o assunto é lucro por carro vendido. E mesmo com tudo isso, os caras tão pensando em dar um agrado pros fãs mais raiz — sim, existe a chance real do câmbio manual voltar!
Mas calma lá, não é pra todo mundo. Gianmaria Fulgenzi, que cuida do desenvolvimento de produto da marca, explicou que a ideia não é jogar um câmbio manual nos carros normais da linha. A proposta é algo mais exclusivo: colocar o trio de pedais em algum modelo ultra-raro da linha Icona — aquela dos milionários, que já teve carros como o Monza SP1/SP2 e o Daytona SP3.
Esses modelos da Icona são praticamente obras de arte com rodas. Eles são feitos em quantidade super limitada e vendidos só pra clientes selecionadíssimos. Até agora, todos vinham com câmbio automático, mas se depender de Fulgenzi (e de um monte de cliente endinheirado pedindo), isso pode mudar. O último Ferrari com câmbio manual foi a California, que parou de ser fabricada em 2012. Ou seja, já tem mais de 10 anos que os fãs estão na seca.
Pra você ter uma ideia, até o Lewis Hamilton, piloto da Ferrari na F1, entrou nessa. Ele sugeriu que a marca criasse uma versão moderna da lendária F40 — que poderia até se chamar F44 — com câmbio manual. Se o cara que dirige os carros mais tecnológicos do mundo quer algo mais “pé no chão”, imagina o resto da galera.
Mas nem tudo são flores. Se a Ferrari realmente for pra esse caminho, vai ter que controlar a força do motor. Isso porque as máquinas da Icona são tão potentes que, com um câmbio manual, a embreagem ficaria absurdamente pesada — tipo, precisaria de uma perna de academia pra pisar. Os modelos atuais entregam mais de 70 kgfm de torque, e isso pode ser exagerado pro uso manual. Mesmo assim, os puristas não tão nem aí. O prazer de trocar marcha na raça vale mais do que uns cavalos a menos.
Além disso, esse projeto não teria espaço pra eletrificação. Câmbio manual com motor híbrido ou elétrico é uma bagunça técnica que a Ferrari provavelmente não quer lidar. A pegada aqui é voltar às origens: motor a combustão, ronco alto e o prazer da direção pura.
E olha só: o mercado tá aos poucos redescobrindo o câmbio manual. O Gordon Murray T.50 só tem versão manual. A maioria dos donos do Pagani Utopia escolheu o modelo com três pedais. Até a Toyota já testou câmbio manual em carro elétrico, e a Aston Martin lançou o Valour, uma belezinha com V12 e câmbio manual. A Ford também apostou nisso, e o novo Mustang GT Performance com câmbio manual vai chegar ao Brasil. E a Porsche? Continua firme com versões manuais em modelos como o 911 Carrera T e o GT3 Touring.
Ou seja, tem espaço pra esse tipo de carro no mercado — e a Ferrari sabe disso. Se ela for mesmo lançar um novo Icona manual, pode apostar que vai ser caríssimo. Algo tipo um novo SP4 com motor V12 e caixa manual, feito só pra poucos felizardos. Vai custar milhões, mas vai vender rapidinho. O Daytona SP3, por exemplo, custava mais de 2 milhões de dólares, e sumiu das lojas em tempo recorde.
Resumindo? O câmbio manual pode até parecer coisa do passado, mas pra quem ama dirigir de verdade, ele nunca saiu de moda. E se a Ferrari resolver trazer isso de volta, vai ser pra deixar os colecionadores malucos — e os fãs nostálgicos com um sorrisão no rosto.