A montadora chinesa Neta, que chegou ao Brasil com promessas de inovação e preços competitivos, enfrenta seu pior momento desde a fundação. A controladora Hozon Auto entrou oficialmente com pedido de falência na China, e a notícia coloca em xeque o futuro da marca no mercado brasileiro, onde ainda tenta vender um estoque de 800 carros encalhados.
A informação foi confirmada pela emissora estatal CCTV, revelando que a situação financeira da empresa é muito mais grave do que parecia. Com dívidas que somam US$ 1,4 bilhão e produção paralisada desde fevereiro de 2025, o cenário é crítico — e o impacto já começa a ser sentido por aqui.
Montadora chinesa Neta entra oficialmente em falência
O processo de falência foi protocolado por um credor, após a empresa deixar de pagar uma dívida equivalente a R$ 4 milhões. Embora o valor inicial pareça pequeno frente ao tamanho da empresa, ele representa apenas a ponta do iceberg. Ao todo, a dívida da Neta gira em torno de R$ 8 bilhões, o que comprometeu a capacidade de manter fábricas ativas e honrar compromissos com fornecedores e funcionários.
Na China, a crise se tornou visível com o fechamento em massa de concessionárias, atrasos salariais desde novembro de 2024, protestos nas ruas e mais de 400 ações judiciais movidas contra a montadora.
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Produção parada e promessa de investimento que nunca veio
A produção da Neta foi praticamente interrompida em fevereiro de 2025. Naquele mês, foram fabricadas apenas 740 unidades, uma queda de 55% em relação ao mesmo período de 2024. A empresa contava com um aporte de US$ 500 milhões para equilibrar as contas, mas o investimento não se concretizou.
Como medida emergencial, a montadora implementou cortes severos de gastos, reduziu salários em até 75%, demitiu funcionários e abandonou sua antiga sede. Nada disso, no entanto, foi suficiente para evitar a falência.
Operação da Neta no Brasil está em xeque
No Brasil, a Neta estreou em novembro de 2024, justamente quando a crise na matriz começava a se intensificar. Em mais de sete meses de atuação no país, apenas 51 carros foram vendidos — um número extremamente baixo, considerando o potencial do mercado nacional de elétricos.
Em maio de 2025, a situação piorou: foram vendidos apenas cinco carros, sendo quatro unidades do modelo Neta Aya e uma do SUV Neta X. Para tentar escoar o estoque, a empresa está oferecendo descontos de R$ 10 mil nos dois modelos.
Atualmente, há cerca de 800 veículos parados no porto de Cariacica (ES), aguardando compradores. Com o futuro da operação indefinido, esses carros se tornaram um símbolo do risco envolvido no investimento da marca no país.
Site e redes sociais fora do ar aumentaram a incerteza
Durante algumas semanas de maio e junho, o site oficial e as redes sociais da Neta Brasil ficaram fora do ar, o que alimentou rumores de que a operação havia sido encerrada. Embora os canais tenham voltado recentemente, a incerteza permanece entre consumidores e concessionários.
Neta nega saída do país e fala em reorganização
Apesar do cenário preocupante, a empresa insiste que vai continuar no Brasil. Em comunicado oficial, Joseph Zhu, gerente geral da Neta Auto Brasil, afirmou que a marca “segue firme e forte” e que novidades serão anunciadas em breve.
Em nota enviada à imprensa, a Neta explicou que o processo de falência na China faz parte de uma “ação ativa de auto-resgate liderada pelo governo chinês” para reestruturar a empresa e torná-la viável novamente.
Ainda vale a pena comprar um Neta no Brasil?
Essa é a grande dúvida de muitos consumidores. Com a matriz em colapso e a operação brasileira tentando se manter viva, a garantia de manutenção, peças e suporte técnico entra em xeque. Mesmo com os descontos oferecidos, a falta de estrutura pode afastar compradores que buscam confiança e segurança no pós-venda.
Outro ponto é a falta de transparência sobre o futuro dos 800 carros parados no porto. Serão todos vendidos com suporte garantido? Ou a Neta está apenas tentando liquidar estoques antes de sair silenciosamente do país?
Conclusão
A falência da matriz da Neta na China coloca um enorme ponto de interrogação sobre o futuro da marca no Brasil. Com vendas pífias, operação instável e uma matriz atolada em dívidas, o risco de a montadora encerrar definitivamente suas atividades por aqui é real.
Enquanto a empresa tenta vender os últimos carros do estoque com descontos, o consumidor brasileiro precisa pensar duas vezes antes de apostar em um modelo da marca. Afinal, em um mercado cada vez mais competitivo, suporte e confiança são tão importantes quanto preço e design.
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