O ronco dos motores V8 pode estar prestes a voltar à Fórmula 1. Quem sugeriu isso foi ninguém menos que Mohammed ben Sulayem, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Durante o GP da Grã-Bretanha, o dirigente deixou claro que é a favor da volta da motorização aspirada, que marcou uma era inesquecível na categoria.
A ideia, segundo ele, é simples: trazer de volta motores mais baratos, mais acessíveis e, por que não, mais emocionantes para o público. E o mais impressionante: ele já tem uma data em mente. “Esperamos que em 2029 já tenhamos alguma coisa”, cravou Sulayem.
Motores V8 na Fórmula 1: por que voltariam agora?

A última vez que a Fórmula 1 usou motores V8 foi em 2013, antes da chegada da era híbrida com os V6 turboalimentados. De lá pra cá, os carros ficaram mais rápidos, mais eficientes… mas também muito mais caros. E é justamente aí que entra a principal crítica de Sulayem.
“Os motores atuais são tão complicados que nem se entende direito, e além disso, são extremamente caros”, afirmou. De acordo com ele, o custo com pesquisa e desenvolvimento de uma unidade de potência híbrida pode ultrapassar os US$ 200 milhões — ou mais de R$ 1 bilhão.
Além disso, cada motor pode custar entre US$ 1,8 e US$ 2,1 milhões (até R$ 12 milhões). Para a FIA, esse valor é incompatível com o objetivo de tornar a F1 mais sustentável financeiramente, tanto para as equipes quanto para a própria categoria.
V8 na F1: Sulayem diz que FOM e equipes apoiam a ideia

O presidente da FIA ainda revelou que a FOM (Formula One Management), responsável por administrar os direitos comerciais da categoria, apoia a ideia do retorno do V8.
“As equipes estão percebendo que esse é o caminho certo”, disse ele. “Você precisa de três anos para se preparar, então se começarmos agora, 2029 é viável.”
O que parece é que a FIA está se antecipando a um possível novo ciclo de motorização. Isso porque, mesmo com a introdução dos novos motores híbridos em 2026 — que terão divisão 50/50 entre combustão e energia elétrica —, ainda há um debate sobre os altos custos e a complexidade dessas tecnologias.
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Motores híbridos ou V8 aspirados? A Fórmula 1 vive um dilema
Com a nova regulamentação de motores híbridos prevista para entrar em vigor em 2026, a Fórmula 1 pretende se alinhar às tendências de sustentabilidade e inovação tecnológica. A nova geração de motores usará combustíveis sintéticos e deve ser mais eficiente energeticamente.
Por outro lado, o retorno do V8 sugerido por Sulayem vai na contramão desse discurso, ao menos na visão de parte das fabricantes envolvidas.
Para empresas como Mercedes, Audi, Honda e Ford, que estão investindo pesado em tecnologia híbrida, a volta do V8 aspirado poderia representar um retrocesso — ou até mesmo um desinteresse futuro pela categoria.
Questão de identidade ou questão de mercado?
O que está em jogo aqui não é apenas um tipo de motor. É a identidade da Fórmula 1. De um lado, os fãs mais antigos clamam pela volta do barulho, da vibração e do “feeling” que só um V8 ou V10 pode oferecer. Do outro, as montadoras enxergam a F1 como uma vitrine de tecnologia que pode ser aplicada nos carros de rua — e isso inclui motores elétricos e combustíveis sintéticos.
Ao propor o retorno do V8, Sulayem toca em um ponto sensível: até que ponto a Fórmula 1 deve priorizar a experiência do público em vez da agenda tecnológica das marcas?
O futuro da F1 pode ficar no meio do caminho
Ainda que a proposta da FIA não represente uma mudança imediata, ela já inicia um debate importante dentro da categoria. É possível que, no futuro, a Fórmula 1 encontre um meio-termo: um motor mais simples, mais barato e ainda eficiente, talvez com apelo sonoro próximo ao do V8 — mas com combustíveis limpos.
O próprio Sulayem deixou claro que os custos com combustível e transmissão também são preocupações. Ou seja, a discussão sobre os V8 pode ser só a ponta do iceberg de uma revisão completa nos rumos da categoria para a próxima década.
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