A General Motors está sentindo — e muito — o impacto das políticas econômicas dos Estados Unidos. A montadora americana encerrou o primeiro semestre de 2025 com um prejuízo de US$ 1,1 bilhão, perda que foi diretamente associada às novas tarifas implementadas pela atual gestão da Casa Branca. A situação acendeu o alerta no grupo, que agora avalia até mudar a nacionalidade de produção de alguns modelos para contornar os custos extras.
Tarifa dos EUA afeta diretamente os lucros da GM

Durante a divulgação dos resultados do primeiro semestre, a CEO Mary Barra e o CFO Paul Jacobson não esconderam a frustração com o cenário atual. Em meio a uma teleconferência com investidores, os executivos explicaram que o prejuízo veio quase todo das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a componentes e veículos fabricados fora do país.
O valor perdido — mais de 1 bilhão de dólares — não é apenas um número negativo no balanço: ele representa um duro golpe na estratégia da GM de expandir sua linha de veículos elétricos globalmente. Com o custo de produção subindo e o consumidor norte-americano mais cauteloso, a montadora tem enfrentado um momento complicado.
Fim de incentivos fiscais e impacto nos carros elétricos

Outro fator que contribuiu para a queda na receita foi o fim de incentivos fiscais para a compra de veículos elétricos, uma medida que tirou competitividade dos EVs da GM no mercado americano. O corte de subsídios foi sentido especialmente na linha Chevrolet, que vinha crescendo no segmento.
Mesmo com as dificuldades, a Chevrolet conseguiu manter a vice-liderança nacional nas vendas de elétricos no segundo trimestre. Já a Cadillac, braço de luxo do grupo, aparece em quinto lugar no ranking de marcas premium que mais vendem EVs nos Estados Unidos. Isso mostra que, apesar do baque, a GM ainda possui força no setor — mas a margem de manobra está cada vez mais apertada.
GM avalia mudança de produção para fugir das tarifas
Diante desse cenário desafiador, a General Motors estuda medidas drásticas para proteger sua rentabilidade. Uma das principais possibilidades em análise seria a realocação da fabricação de alguns modelos para outros países, o que significaria, na prática, mudar a “nacionalidade” de vários veículos.
Essa manobra permitiria à GM escapar das tarifas mais altas cobradas pelo governo americano sobre produtos importados. Contudo, não é uma decisão simples: envolve logística, custos operacionais e impacto na imagem da marca, especialmente num momento em que o nacionalismo econômico está em alta nos EUA.
Segundo especialistas, transferir a produção para locais como México, Canadá ou até países asiáticos poderia ser uma solução temporária. Porém, a GM precisaria equilibrar isso com a demanda local e as exigências do consumidor americano, que cada vez mais valoriza produtos feitos “em casa”.
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Apesar das perdas, discurso segue otimista
Mesmo com um cenário desafiador, os executivos da GM mantiveram o discurso de confiança. A CEO Mary Barra reforçou que o grupo segue comprometido com o futuro elétrico da indústria automotiva e destacou a importância de manter uma operação flexível para se adaptar ao mercado.
“Apesar do crescimento mais lento do setor, acreditamos que o futuro está na produção lucrativa de veículos elétricos”, afirmou Barra. “Vamos priorizar nossos clientes, nossas marcas e manter uma estrutura fabril que possa responder rapidamente à demanda.”
Esse posicionamento indica que a GM não pretende recuar no seu plano de eletrificação, mesmo diante de obstáculos políticos e econômicos. O foco agora está em eficiência operacional, controle de custos e adaptação rápida a mudanças no cenário regulatório.
Desafios para o segundo semestre
O segundo semestre promete ser decisivo para a GM. A montadora vai precisar acelerar a tomada de decisões estratégicas, como a realocação de produção e ajustes nos preços, ao mesmo tempo em que enfrenta uma concorrência crescente — tanto de marcas tradicionais quanto de fabricantes chineses que vêm ganhando espaço no mercado americano.
Além disso, com o avanço das eleições presidenciais nos EUA e a possível reeleição de Donald Trump (cuja política tarifária é ainda mais protecionista), o ambiente pode se tornar ainda mais volátil para empresas com presença global como a GM.
Se por um lado o prejuízo de US$ 1,1 bilhão serve como alerta, por outro pode impulsionar mudanças importantes na estrutura e na estratégia da gigante americana. A grande questão agora é saber até onde a GM vai para se proteger — e o que isso pode significar para seus consumidores, empregados e parceiros.
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