Um golpe antigo, perigoso e extremamente destrutivo para os veículos voltou a assombrar os motoristas brasileiros: a adulteração de gasolina com metanol. Após a Polícia Federal desarticular um grande esquema na operação “Carbono Oculto”, o alerta está novamente aceso em todo o país.
Diferente de outras adulterações que apenas “batizam” o combustível para render mais, a mistura com metanol é um veneno para o seu carro. A substância, mais barata que a gasolina e o etanol, é altamente tóxica e corrosiva, podendo causar danos irreversíveis ao motor e um prejuízo financeiro gigantesco.
Saber identificar os sinais e agir rápido é fundamental para evitar o pior.
O que é o Metanol e Por que ele é Tão Perigoso?
O metanol é um tipo de álcool, mas não se engane: ele é muito diferente do etanol que usamos no dia a dia. É uma substância de uso industrial, altamente tóxica para o ser humano e extremamente corrosiva para os componentes de um carro.
Criminosos o utilizam para aumentar o volume da gasolina de forma barata. No entanto, quando essa mistura entra no sistema do seu veículo, ela começa um processo de destruição.
O metanol ataca borrachas, plásticos e metais presentes em todo o sistema de alimentação, danificando peças vitais como a bomba de combustível, mangueiras, filtros, sensores e, principalmente, os sensíveis bicos injetores.
Quais os Sinais? Como Identificar que seu Carro foi Vítima
Os sintomas de um carro abastecido com metanol na gasolina costumam aparecer rapidamente. Fique atento a estes sinais:
- Falhas e Engasgos: O carro começa a perder o rendimento, engasgar em acelerações e apresentar uma marcha lenta irregular.
- Dificuldade na Partida: O motor passa a ter dificuldade para ligar, especialmente pela manhã.
- Luz da Injeção Acesa: O sistema de injeção eletrônica detecta uma queima irregular e acende a luz de advertência no painel.
- Perda Súbita de Potência: Em casos mais graves, o carro pode perder força de forma abrupta, tornando a condução perigosa.
Abasteci com Metanol. E Agora? O que Fazer?
Se você suspeita que foi vítima do golpe, a agilidade é crucial para minimizar os danos. Rogério Gonçalves, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), orienta os seguintes passos:
1. Para Sinais Leves (pequenas falhas): Vá imediatamente a um posto de sua extrema confiança e complete o tanque com combustível de alta qualidade (gasolina aditivada ou etanol). Isso ajudará a diluir a mistura ruim e a reduzir seus efeitos corrosivos.
2. Para Sinais Graves (perda de força, falhas constantes): Não insista. Pare o carro em um local seguro e chame um reboque. Leve o veículo diretamente a uma oficina de sua confiança e solicite o esvaziamento completo do tanque de combustível.
3. Guarde uma Prova: Peça ao mecânico para coletar e armazenar uma amostra do combustível contaminado em um recipiente limpo e vedado. Esta amostra será sua principal prova contra o posto.
4. Denuncie o Posto: Este é o passo mais importante para combater a fraude. Registre uma queixa no SAC da distribuidora (a bandeira do posto) e, principalmente, faça uma denúncia formal na Agência Nacional do Petróleo (ANP), através do site ou do telefone do órgão.
O Tamanho do Prejuízo: Dos R$ 800 à Retífica do Motor
Ignorar os sintomas pode transformar um problema contornável em um prejuízo catastrófico.
Em um carro popular, a limpeza do sistema e a troca de componentes como velas e bicos injetores pode facilmente ultrapassar os R$ 800.
Em carros premium ou com injeção direta, o custo é muito maior. Apenas um jogo de velas de um BMW 320i, por exemplo, pode custar mais de R$ 850.
No pior cenário, o uso contínuo de metanol na gasolina pode causar um acúmulo de carbono e danos tão severos aos componentes internos que exigem a retífica ou até a troca completa do motor, um prejuízo que pode chegar a dezenas de milhares de reais.
Conclusão: A Prevenção é a Melhor Defesa
A melhor forma de se proteger contra este e outros golpes de combustível é a prevenção. Siga estas dicas simples:
- Desconfie de preços milagrosamente baixos: A diferença de preço muito grande em relação à média da sua região é o maior sinal de alerta.
- Abasteça em postos de confiança: Dê preferência a postos com bandeira, que seguem um controle de qualidade mais rigoroso.
- Sempre peça a nota fiscal: Guarde o cupom fiscal com o CNPJ do posto. É a sua prova de onde e quando você abasteceu.
Ser um consumidor atento e informado é a arma mais poderosa contra a desonestidade. Ao primeiro sinal de problema após um abastecimento, não hesite em agir.