A indústria automotiva vive mais um daqueles momentos que entram para a história. A Iveco, tradicional marca de caminhões e ônibus que por décadas esteve ligada ao grupo Fiat, passou para o controle de uma gigante do outro lado do mundo. A Tata Motors, da Índia, agora comanda a operação civil da Iveco, incluindo as linhas de veículos pesados, motores e até a encarroçadora francesa Heuliez.
Mas o movimento vai além da troca de comando. Essa transação marca uma virada estratégica tanto para a Iveco quanto para a Tata, reposicionando as duas empresas no cenário global. E a divisão militar da Iveco? Também mudou de mãos, sendo incorporada por outra potência: a italiana Leonardo, conhecida por sua atuação em defesa e tecnologia.
Tata Motors assume comando da Iveco e quer crescer fora da Índia

O negócio foi de peso. A Tata assumiu todas as operações civis da Iveco, incluindo caminhões, ônibus e a FPT Industrial — referência na fabricação de motores. Com isso, a marca italiana passa a atuar sob o guarda-chuva da fabricante indiana, que já tem uma presença considerável em mais de 100 países.
A nova estrutura ficará baseada na Holanda, o que mostra que a Tata quer manter a Iveco com uma identidade europeia, mas sob uma estratégia de expansão mais agressiva e com foco internacional.
Para quem não conhece, a Tata não é novata nesse jogo. Já é dona da Jaguar e da Land Rover, compradas em uma jogada ousada no passado, e tem histórico de buscar oportunidades fora da Índia para consolidar sua presença global.
Leonardo entra na jogada e leva a divisão de defesa
Enquanto a Tata ficou com o lado civil, o braço militar da Iveco, que inclui a IDV e a Astra, foi comprado pela Leonardo, uma das principais fornecedoras de soluções de defesa terrestre da Europa. A empresa italiana reforça agora seu portfólio com veículos militares que incluem desde modelos blindados até sistemas autônomos.
A Leonardo já atuava em programas da OTAN e da União Europeia, mas agora expande ainda mais seu alcance com os produtos da IDV, que inclusive inclui o blindado Guarani 6×6, desenvolvido para o Exército Brasileiro. A ideia é se firmar como referência em veículos terrestres de defesa, aproveitando também o know-how em tecnologia avançada.
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Iveco brasileira deve ganhar protagonismo
No Brasil, a Iveco tem uma fábrica em Sete Lagoas (MG) que já era uma das mais estratégicas fora da Europa. A unidade produz modelos como o Daily, o Tector e o S-Way, além de abrigar o centro de desenvolvimento da marca para a América Latina. Com a chegada da Tata Motors, a tendência é que esse complexo ganhe ainda mais protagonismo.
A fábrica mineira pode virar uma peça-chave na estratégia da Tata para atender não só o mercado brasileiro, mas também outros países da região. Com a expertise da Iveco e o impulso financeiro da Tata, o foco é ampliar a produção e adaptar os modelos às necessidades locais, especialmente com a tendência de eletrificação e conectividade nos pesados.
Tata quer ampliar sua influência no transporte pesado

Ao incorporar a Iveco, a Tata Motors dá um passo importante para se posicionar entre os grandes players globais do setor de transporte pesado. A empresa indiana já fabricava caminhões e ônibus em larga escala, mas agora ganha uma base sólida na Europa e América do Sul — regiões estratégicas para o crescimento no segmento.
Vale lembrar que a Tata já tinha feito movimentos similares no passado. Foi assim com a compra da Jaguar e Land Rover e com a aquisição da divisão de caminhões da sul-coreana Daewoo. O DNA do grupo é buscar empresas com potencial de expansão global e integrá-las ao seu portfólio para escalar operação e tecnologia.
Iveco se reposiciona no mercado global
Com a separação da divisão de defesa e o controle agora nas mãos da Tata, a Iveco passa a focar 100% no transporte comercial. A marca entra em uma nova fase voltada para inovação, competitividade e expansão em mercados emergentes.
Esse reposicionamento também reflete os desafios atuais do setor, como a necessidade de desenvolver veículos mais eficientes, sustentáveis e conectados. A entrada da Tata pode acelerar essa transição, trazendo investimento e uma nova filosofia de negócios, mais agressiva e ousada.
Tata Motors: do carro mais barato do mundo ao domínio global
A Tata ficou conhecida mundialmente quando tentou lançar o carro mais barato do mundo: o Nano. A proposta era ousada, mas não vingou. Ainda assim, o projeto ajudou a firmar a imagem da marca como uma fabricante disposta a experimentar.
Hoje, a Tata está em um patamar muito mais elevado. Com fábricas espalhadas por diversos continentes, centros de tecnologia de ponta e um portfólio que vai de carros urbanos a veículos militares, a empresa mostra que está pronta para competir em qualquer mercado.
A chegada da Iveco apenas reforça essa visão de longo prazo. Agora com uma marca europeia sob seu comando, a Tata se consolida como um dos grupos automotivos mais relevantes do mundo.
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