O carro que foi proibido de ser lançado por ser “rápido demais” para o mundo

XJ220

A velocidade que o mundo não estava pronto para ver

Se você acha que os carros de hoje são rápidos, segura essa: no final dos anos 1980, um supercarro foi praticamente “banido” do mercado por ser rápido demais até para os padrões de teste da época.

Sim, parece roteiro de filme, mas aconteceu de verdade. E o protagonista dessa história é o Jaguar XJ220, um supercarro que nasceu para dominar tudo — mas que acabou sendo vítima da sua própria ousadia.


Jaguar XJ220: a fera criada em segredo

A história começa em 1988, quando um pequeno grupo de engenheiros da Jaguar decidiu, por conta própria, criar o carro mais rápido do mundo. Era um projeto paralelo, sem aprovação da alta direção. Eles trabalhavam nas horas vagas, como se fosse um “projeto de garagem”. O nome? XJ220, porque a ideia era atingir 220 milhas por hora (cerca de 354 km/h).

Eles criaram um protótipo com um motor V12 de 6.2 litros, tração nas quatro rodas e um design que parecia vindo direto do futuro.

Quando o carro apareceu no Salão de Birmingham de 1988, o público pirou. A Jaguar recebeu mais de 1.500 pedidos no mesmo dia, cada um com sinal de 50 mil libras. Isso sem nem saber se o carro seria mesmo produzido.


Mas aí tudo mudou…

Quando o XJ220 foi, de fato, lançado em 1992, ele já era outro carro. O V12 deu lugar a um V6 biturbo de 3.5 litros, e a tração passou a ser apenas traseira. Muitos clientes cancelaram os pedidos, alegando que haviam comprado uma coisa e recebido outra.

Mesmo assim, o XJ220 ainda era o carro de produção mais rápido do mundo, com 342 km/h cravados. Só perdeu o posto anos depois, quando o McLaren F1 surgiu.

Mas o problema não era só esse.


Rápido demais para testes, pistas e… governos

O XJ220 era tão rápido que vários países europeus se recusaram a homologar o carro, alegando que nenhuma pista oficial comportava testes de freio a mais de 300 km/h com segurança. Em testes, os freios superaqueceram, os pneus explodiam e os sistemas de tração não conseguiam controlar tanta potência.

Na Alemanha, as autoridades recusaram liberar o carro para o mercado sem ajustes. No Reino Unido, a Jaguar teve que limitar os testes. O carro começou a ser tachado como “inseguro” — mesmo sem nunca ter causado acidentes graves.

Resultado: menos de 300 unidades foram produzidas, e o XJ220 virou um tesouro raro, temido por muitos e desejado por poucos.


Esquecido por anos… até virar lenda

Durante muito tempo, o XJ220 foi considerado um fracasso da Jaguar. Ninguém queria um supercarro com fama de instável e que custava mais de US$ 500 mil em valores atualizados.

Mas, com o tempo, ele foi sendo reavaliado. Hoje, é um dos carros mais raros e cobiçados da marca, com preços que ultrapassam os R$ 7 milhões. Isso porque ele representa uma era onde a ousadia falava mais alto que o marketing.


Por que ele foi mesmo proibido?

A resposta curta: porque o mundo não estava preparado pra ele. Naquela época, os carros mais rápidos batiam 250 km/h. O XJ220 surgiu com mais de 300 km/h reais, torque brutal e estabilidade que beirava o insano.

Sistemas de freio, segurança ativa e até os pneus ainda não tinham tecnologia pra lidar com isso. Por isso, muitos órgãos reguladores preferiram cortar o mal pela raiz: vetar a homologação.


Moral da história?

Em um mundo onde a maioria dos carros de alto desempenho são eletronicamente limitados, o XJ220 foi um grito de liberdade e ousadia da engenharia automotiva. Rápido demais, agressivo demais e incompreendido demais.

Mas hoje, ele é lembrado como o supercarro proibido, aquele que foi “cancelado” não por ser ruim, mas por ser bom demais pro seu tempo.

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