Às vezes, uma ideia ousada aparece muito antes do tempo. E foi exatamente isso que aconteceu com um conceito esquecido da Peugeot, que poderia muito bem ter servido de inspiração para um dos carros urbanos mais populares da atualidade: o Citroën Ami.
Em pleno ano 2000, enquanto o mundo se preparava para entrar no novo milênio, a Peugeot resolveu libertar seus designers e deixar a criatividade correr solta. O resultado foi uma linha chamada City Toyz Concepts, formada por quatro protótipos de veículos urbanos, compactos e totalmente fora do comum. E entre eles, o mais chamativo era o Peugeot e-Doll.
Peugeot e-Doll: um carrinho de choque urbano 100% elétrico
O e-Doll parecia ter saído de um parque de diversões futurista. Com apenas 2,5 metros de comprimento e 1,54 m de largura, ele era minúsculo até mesmo para os padrões europeus. Mas o que mais chamava atenção era seu design: a frente arredondada, a posição central do motorista e a aparência de carrinho de bate-bate davam ao veículo um ar divertido e, ao mesmo tempo, ousado.
A disposição dos assentos era incomum: três pessoas sentadas lado a lado, com o condutor no centro — algo que só seria visto muitos anos depois em conceitos avançados. O controle do carro também fugia do tradicional: nada de volante, mas sim um guiador de scooter, com acelerador no punho e comandos de freio nas mãos, como numa moto elétrica.
Feito com fibra de carbono e visual de outro planeta
Apesar do tamanho reduzido e do propósito urbano, o e-Doll era feito com materiais dignos de supercarros. Toda a estrutura da carroceria era em fibra de carbono, incluindo o compartimento que abrigava as baterias. E se isso não bastasse, o teto, o para-brisa e a traseira formavam uma peça única de vidro curvado, algo raríssimo para a época.
Sem portas laterais, o acesso era descomplicado, e a traseira ainda contava com um compartimento removível — uma espécie de carrinho de compras transparente. Um detalhe pequeno, mas que mostrava como o conceito pensava na rotina urbana de verdade.
Motorização elétrica e traços únicos
A mecânica do e-Doll era simples, mas criativa: dois pequenos motores elétricos retirados da scooter elétrica Peugeot Scoot’elec, posicionados no eixo dianteiro. As rodas de apenas 10 polegadas na frente e o conjunto duplo na traseira davam ao modelo um visual completamente diferente de qualquer coisa que já tenha rodado nas ruas.
Era um carro que unia elementos de vários mundos — scooters, carrinhos de feira, minicarros urbanos — e os transformava em algo novo.
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Antecipando o Citroën Ami antes mesmo de ele existir
Avance duas décadas no tempo e encontramos nas ruas o Citroën Ami, um quadriciclo elétrico que, curiosamente, lembra bastante o conceito da Peugeot. Claro, o Ami tem visual mais funcional e menos divertido, mas a proposta é parecida: mobilidade urbana, compacta, elétrica e acessível.
Ambos fogem da ideia tradicional de carro. Ambos têm dimensões minúsculas, soluções criativas de espaço e focam em facilitar a vida de quem mora em cidade grande. Só que o Ami virou realidade, enquanto o e-Doll ficou como uma peça de museu da imaginação automobilística.
Um projeto que ainda faz falta
Mesmo que o e-Doll nunca tenha sido produzido, ele mostra como a Peugeot sempre teve uma veia criativa forte. O protótipo era, ao mesmo tempo, uma provocação ao que conhecemos como carro urbano e um convite a pensar a mobilidade de forma mais lúdica, eficiente e sustentável.
Hoje, com tantas cidades apostando em veículos elétricos, aplicativos de transporte e soluções alternativas, não seria surpresa ver uma versão moderna desse Peugeot renascer com nova roupagem. Afinal, o futuro da mobilidade urbana precisa ser prático — mas também pode ser divertido.
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