Polícia Federal pede carros de graça a montadoras em troca de “visibilidade”

A Polícia Federal abriu um edital público inusitado: está pedindo, oficialmente, que montadoras e locadoras emprestem veículos para uso oficial por um ano, sem qualquer custo para os cofres públicos. Em troca, a PF oferece o que chama de “visibilidade” das marcas e modelos usados pela corporação em ações de escolta de autoridades e eventos de grande porte. A proposta está aberta a empresas de todo o país.

Carros de luxo, blindados e híbridos entram na lista

A chamada pública, aberta no dia 2 de junho e com prazo até o dia 16 do mesmo mês, prevê o empréstimo de carros de diversos tipos — executivos, SUVs 4×4, sedãs e até hatches, blindados ou não. O objetivo é renovar e ampliar a frota destinada à Diretoria de Proteção à Pessoa da Polícia Federal, responsável por escoltar o presidente da República, o vice, ministros do governo e do STF, dignitários estrangeiros e outras autoridades.

O documento especifica que os carros devem ser, preferencialmente, na cor preta, mas também podem ser cinza ou “de outras cores sóbrias”. O contrato será feito por comodato, ou seja, empréstimo gratuito com prazo determinado. A duração inicial é de 12 meses, mas com possibilidade de prorrogação por até dez anos.

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PF reconhece que não tem frota suficiente

De acordo com a Polícia Federal, a criação da Diretoria de Proteção à Pessoa, em outubro de 2023, ampliou exponencialmente a demanda por veículos especiais. No entanto, a frota atual da corporação é insuficiente para atender a todas as regiões do país e às agendas diversas das autoridades protegidas.

No estudo técnico que embasa o edital, a PF reconhece que “a demanda no setor é variável e incerta”, uma vez que depende do volume de eventos e compromissos de alto escalão. E mais: apesar de ter comprado cinco viaturas blindadas no ano passado, por R$ 1,57 milhão, o número está longe de atender à nova realidade.

Sem verba para novos carros, solução é pedir de graça

Diante da falta de orçamento para aquisição de novos veículos e do alto custo de aluguéis — que, no caso de blindados, pode passar de R$ 2.000 por dia —, a PF optou por tentar a terceira alternativa: pedir carros de graça. Segundo a corporação, esse modelo de comodato, embora pouco utilizado pela administração pública, pode ser o mais viável no momento.

“A solução de comodato gratuito mostra-se a mais adequada, principalmente diante do atual contexto orçamentário”, diz o texto do edital. E reforça: “A PF entende que a visibilidade gerada pela exposição dos veículos durante missões e eventos pode ser benéfica para a imagem das empresas participantes”.

Visibilidade como moeda de troca

A promessa da PF para atrair as empresas é que os carros emprestados ganhem visibilidade por todo o país, em missões de escolta e segurança, em grandes eventos nacionais e internacionais. A divulgação de imagens com autoridades entrando ou saindo dos veículos, em transmissões de TV ou redes sociais, seria o “retorno publicitário” às montadoras e locadoras envolvidas.

No entanto, o edital não detalha exatamente como essa visibilidade será entregue, nem garante nenhum tipo de publicidade direta com nome da empresa ou modelo utilizado. Tudo indica que será uma exposição indireta, pelo uso cotidiano dos veículos.

Contrato com regras específicas

O edital detalha ainda que os veículos devem atender a critérios técnicos, como conforto, segurança, tecnologia embarcada e adequação ao transporte de autoridades. Eles deverão ser entregues em perfeito estado, com documentação em dia e sem qualquer ônus à PF.

O contrato prevê a devolução dos veículos nas mesmas condições recebidas, sem prejuízo à empresa cedente. Qualquer uma das partes poderá desistir do contrato a qualquer momento, desde que com aviso prévio de 60 dias.

Participação aberta

Empresas interessadas poderão enviar suas propostas entre os dias 2 e 16 de junho. O processo de seleção será conduzido pela Superintendência da PF em Brasília, e os veículos escolhidos serão usados em todo o território nacional.

Apesar do caráter inusitado da chamada, a PF garante que o processo respeita os critérios legais e visa resolver uma necessidade operacional real sem comprometer os recursos públicos.

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