Antes de ganhar o mundo como o pai da aviação, Alberto Santos Dumont já tinha feito história de outro jeito: trazendo o primeiro carro do Brasil. Isso mesmo! Muito antes dos dirigíveis e aviões, o gênio brasileiro já estava de olho nas máquinas sobre rodas — e ajudou a iniciar uma nova era no transporte do país.
Essa curiosidade vem à tona em meio às homenagens pelos 150 anos de nascimento de Dumont. E é um capítulo que pouca gente conhece: o primeiro automóvel a circular no Brasil foi um Peugeot Type 3, importado por sua própria família.
Primeiro carro do Brasil chegou em 1891 com a família Dumont
O ano era 1891. O Brasil ainda estava em transição da monarquia para a república, e os meios de transporte eram basicamente carroças e cavalos. Mas em meio a esse cenário, um carro francês revolucionou tudo.
A família de Santos Dumont trouxe para o país um Peugeot Type 3, modelo movido a gasolina, com motor Daimler de apenas 2 cavalos de potência. Para a época, isso era coisa de outro mundo. O veículo tinha quatro lugares e chamava a atenção por onde passava.
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Santos Dumont não era só passageiro: ele estudava o carro
Mesmo jovem, Santos Dumont não ficava só no banco do passageiro. Ele desmontava o motor, estudava o funcionamento do carro e analisava cada detalhe. Esse interesse mecânico o acompanharia por toda a vida, influenciando diretamente suas criações no ar.
O carro virou, para ele, um objeto de estudo. Ele via mais do que uma máquina de transporte — via um passo para o futuro, algo que poderia ser adaptado, evoluído e transformado. Esse olhar visionário começava ali, com o primeiro carro do Brasil.
O primeiro carro do Brasil não teve a primeira placa
Mesmo sendo o primeiro carro a circular no Brasil, o Peugeot da família Dumont não foi o primeiro a receber uma placa oficial. Essa honra ficou com o industrial Francisco Matarazzo, que registrou seu veículo em 1903, quando a cidade de São Paulo começou a exigir emplacamentos.
Na época, ainda não existia um sistema de trânsito estruturado, então os primeiros carros circulavam livremente, chamando atenção — e levantando discussões políticas e sociais.
Imposto de carro já gerava revolta em 1900
Uma curiosidade interessante é que os protestos contra o equivalente ao IPVA já existiam naquela época. Em 1900, a prefeitura de São Paulo criou um imposto sobre os veículos automotores.
Henrique, irmão de Santos Dumont, entrou com uma petição contra a cobrança, alegando que as ruas estavam em péssimas condições, com buracos e calçamentos ruins que estragavam os pneus. Soa familiar, né? Mais de um século depois, a reclamação continua atual.
Detalhes do Peugeot Type 3: o primeiro carro do Brasil
O Peugeot Type 3 não era um carro qualquer. Ele foi o primeiro modelo da marca entregue a um cliente particular — e a produção foi super limitada: apenas 64 unidades entre 1891 e 1894.
Características técnicas:
- Motor V2, 565 cm³
- 2 cavalos de potência
- Quatro marchas
- Velocidade média: cerca de 15 km/h
Esse mesmo carro participou da corrida Paris-Brest-Paris, percorrendo mais de 2.000 km com uma média de 14,7 km/h. Uma façanha que deu visibilidade à marca e ao modelo. Pouco depois, essa máquina faria história nas ruas brasileiras.
A herança do primeiro carro do Brasil
Hoje, o Peugeot Type 3 é peça de museu, mas o impacto que ele causou continua sendo lembrado por historiadores e apaixonados por carros. Ele não só marcou o início da era automobilística no Brasil, como também mostrou como Santos Dumont estava sempre à frente do seu tempo.
O mais curioso é perceber que, apesar de todo o avanço tecnológico, alguns problemas continuam os mesmos: estradas precárias, impostos altos e burocracias. As máquinas evoluíram, mas os desafios continuam.
Primeiro carro do Brasil é mais do que uma curiosidade: é parte da nossa história
Saber que o primeiro carro do Brasil foi trazido pela família do homem que nos ensinou a voar é mais do que uma curiosidade — é um lembrete de como inovação e visão de futuro caminham juntas.
Santos Dumont acreditava no poder da engenharia para transformar o mundo. E foi assim, ainda antes dos céus, que ele começou a deixar sua marca, com quatro rodas e um motor barulhento pelas ruas empoeiradas do Brasil de 1891
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