Poucos veículos na história do Brasil têm o mesmo peso simbólico que o Rolls-Royce utilizado pela Presidência da República. Ele é o protagonista de cenas icônicas de posses e desfiles cívicos, e sua origem é objeto de uma história amplamente difundida: a de que teria sido um presente da rainha Elizabeth II. No entanto, a realidade é bem diferente. O famoso carro não foi um presente da monarca britânica, mas uma encomenda feita com um propósito muito claro.
Neste artigo, desvendamos a verdadeira história do Rolls-Royce presidencial, um dos carros mais importantes e emblemáticos do país.
A Verdadeira História e a Encomenda de Getúlio Vargas
Diferentemente do que conta a lenda, o Rolls-Royce Silver Wraith, fabricado na Inglaterra em 1952, foi encomendado a pedido do próprio presidente Getúlio Vargas. O veículo chegou ao Brasil em 1953, e as fontes oficiais negam que tenha sido uma doação da realeza. O custo do carro era elevado para a época, equivalente ao preço de sete automóveis Jaguar, que, segundo a agência de notícias da Câmara dos Deputados, custariam hoje cerca de US$ 60 mil cada.
Segundo o biógrafo de Vargas, o historiador Lira Neto, foram encomendados dois veículos Rolls-Royce: um modelo limusine fechada e outro conversível. Eles possuíam características específicas para o protocolo brasileiro, como o reforço nas chapas de aço do para-choque e a instalação de mastros para as bandeiras oficiais.
Estreia e O Legado que Se Formou
A primeira vez que o Rolls-Royce presidencial foi utilizado por uma autoridade brasileira ocorreu no Dia do Trabalho, em 1º de maio de 1953, com Getúlio Vargas a bordo. Em agosto do mesmo ano, o veículo estreou com autoridades internacionais, transportando o então presidente do Peru, General Manuel Odría.
Com o passar dos anos, o carro preto e conversível ficou marcado como o veículo oficial para as mais importantes cerimônias. Mesmo que o boato da doação seja falso, a rainha Elizabeth II chegou a desfilar no automóvel durante sua única visita ao Brasil, em 1968, consolidando, mesmo que de forma não intencional, a ligação entre o carro e a monarca na memória popular.
Mais Que Um Carro: Um Símbolo Vivo da República
Os últimos presidentes, de FHC a Lula, utilizaram o carro em suas cerimônias de posse, reforçando o status do Rolls-Royce não como um mero meio de transporte, mas como um símbolo vivo da continuidade e da força da República.
Preservado com o máximo de cuidado e mantido pelo Batalhão da Guarda Presidencial, o veículo transcende sua função original e se torna um patrimônio nacional. Ele não é apenas um carro antigo; é um pedaço da história do Brasil que continua a rodar, carregando consigo um legado de tradição, solenidade e, agora, a verdadeira história por trás de sua origem.
