O Setor global de energia pode estar às vésperas de uma reviravolta histórica. A multinacional anglo-holandesa Shell estaria em negociações avançadas para adquirir a BP (British Petroleum), sua rival direta no setor petrolífero, segundo informações divulgadas pelo Wall Street Journal (WSJ). Se confirmada, a transação pode ultrapassar a marca de US$ 80 bilhões, se tornando uma das maiores aquisições da história da indústria energética.
Apesar da grandiosidade da informação, a Shell rapidamente se pronunciou negando qualquer conversa formal nesse sentido. Mesmo assim, o mercado segue atento — e especulando sobre as reais possibilidades.
Entenda o que está em jogo

A potencial fusão entre Shell e BP não é apenas uma movimentação bilionária entre gigantes. Trata-se de uma possível reconfiguração de poder global em uma indústria que, mesmo pressionada pela transição energética, ainda é central para o funcionamento da economia mundial.
Com operações em todos os continentes, tanto Shell quanto BP têm presença marcante em exploração de petróleo, gás natural, energia renovável, refino e distribuição. Uma fusão entre essas duas gigantes poderia criar a maior empresa de energia da Europa — e uma das maiores do mundo em valor de mercado, produção e infraestrutura.
Shell nega, mas analistas veem fumaça onde há fogo
Em nota oficial, a Shell negou estar em negociações para adquirir a BP. A companhia afirmou que não comenta rumores de mercado, mas reforçou que qualquer informação sobre fusões ou aquisições relevantes seria divulgada de acordo com as normas regulatórias.
Apesar da negativa, analistas de mercado e investidores seguem especulando, especialmente porque movimentos semelhantes têm ocorrido no setor. Em 2023, a ExxonMobil comprou a Pioneer Natural Resources por US$ 59 bilhões, enquanto a Chevron adquiriu a Hess Corporation por cerca de US$ 53 bilhões. Ou seja: a consolidação do setor não é um cenário novo.
Transição energética pode ser um dos motores da negociação
Um dos possíveis motivos para uma fusão desse porte está no próprio desafio da transição energética. Tanto a Shell quanto a BP enfrentam uma pressão crescente de acionistas, governos e da sociedade civil para reduzir suas emissões de carbono e investir mais fortemente em fontes renováveis.
Nos últimos anos, ambas as empresas fizeram compromissos públicos de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, mas vêm enfrentando críticas por avançar em ritmo lento. Uma fusão poderia gerar economias de escala, corte de custos e maior fôlego financeiro para acelerar investimentos em energia limpa.
Além disso, com margens apertadas e incertezas sobre o futuro do petróleo, unir forças pode ser uma forma de proteger receitas e lucros em um mercado cada vez mais volátil.
Impactos no mercado global e possíveis obstáculos
Caso a fusão avance, os impactos geopolíticos e regulatórios serão enormes. Uma junção entre Shell e BP criaria um colosso com poder de negociação e influência global, afetando mercados da Europa, América Latina, Oriente Médio, África e Ásia.
Por outro lado, autoridades reguladoras de concorrência podem dificultar o processo, especialmente em países onde ambas as empresas já têm forte presença. Órgãos como a Comissão Europeia, a CMA no Reino Unido e até a FTC nos Estados Unidos poderiam questionar o impacto na competição, nos preços dos combustíveis e no avanço da transição energética.
A história se repete? Um déjà vu no setor de energia
Se a negociação se concretizar, o movimento lembrará fusões históricas como a da Exxon com a Mobil (1999), a da Chevron com a Texaco (2000), e da própria Shell, que em 2005 passou por um processo de integração completa de suas operações britânicas e holandesas.
A diferença agora é o contexto: enquanto aquelas fusões buscavam expansão e aumento de capacidade em tempos de petróleo em alta, a atual movimentação acontece em meio a pressões por descarbonização, incertezas sobre o futuro do petróleo e avanços das fontes renováveis.
Conclusão: mais do que uma transação bilionária, uma mudança de era?
Mesmo com a negativa oficial da Shell, o simples rumor de uma fusão dessa magnitude já é suficiente para agitar o mercado financeiro e o setor de energia. A possível compra da BP seria um passo ousado em meio a um cenário de transição e incertezas, mas também pode ser o sinal de que os grandes players do petróleo estão se preparando para um futuro onde resiliência, escala e adaptação serão ainda mais cruciais.
Confira Também: Posto Shell: a história por trás de um dos postos mais famosos do mundo