A União Europeia está preparando uma proposta que pode mudar totalmente a cara das frotas empresariais no continente. A ideia é proibir, já a partir de 2030, que grandes empresas, locadoras de veículos e frotas corporativas adquiram carros a combustão. Se aprovada, a medida anteciparia em cinco anos o plano atual da UE, que prevê o fim das vendas de carros a gasolina e diesel até 2035.
Ou seja, a partir de 2030, empresas como a Sixt e a Europcar só poderiam comprar veículos elétricos para compor suas frotas. Essa mudança não é pequena: atualmente, cerca de 60% dos carros novos vendidos na Europa vão parar nas mãos de frotistas corporativos.
E como esses veículos costumam ser trocados com frequência, geralmente a cada três ou quatro anos, eles acabam se tornando a base do mercado de seminovos no continente. Se as frotas migrarem rapidamente para os elétricos, o impacto será direto tanto nas vendas quanto no comportamento do consumidor comum.
Por que as frotas são o foco da nova proposta?

A estratégia da União Europeia é clara. Empresas têm maior poder de compra e renovam suas frotas com mais rapidez. Assim, ao forçar essa mudança no setor empresarial, os governos esperam criar um “efeito dominó” que acelere a eletrificação também entre os consumidores particulares.
Além disso, frotas corporativas rodam muito mais do que carros de uso pessoal. Portanto, substituir veículos a combustão por modelos elétricos nesse grupo pode reduzir de forma significativa as emissões de CO₂ no curto prazo.
Outro ponto importante é que as empresas têm mais estrutura para instalar pontos de recarga e adaptar sua operação ao uso de carros elétricos. Isso facilita a transição e pode gerar bons exemplos para o restante da população.
A Alemanha não gostou nada da ideia

Apesar da proposta ainda estar em fase inicial de discussão, a reação da Alemanha foi imediata. O primeiro-ministro Friedrich Merz se posicionou contra a medida e afirmou que a União Europeia está impondo uma regra que ignora as reais necessidades da indústria automotiva no continente.
Merz ressaltou que a indústria automobilística é uma das mais importantes para a economia da Alemanha e que uma mudança tão brusca, forçando a substituição dos motores a combustão por uma única tecnologia, poderia prejudicar o setor. Para ele, a Europa precisa ser “tecnologicamente aberta”, considerando outras soluções além dos carros totalmente elétricos, como híbridos ou veículos movidos a combustíveis sintéticos.
Ele também criticou a lentidão da burocracia europeia e cobrou mais eficiência e flexibilidade nas decisões. Para Merz, Bruxelas não está acompanhando o ritmo do mercado e pode acabar tomando decisões que causam mais problemas do que soluções.
A proposta ainda não é oficial, mas deve avançar
Até o momento, a proposta ainda está em fase de elaboração e será apresentada oficialmente em breve. A Comissão Europeia confirmou que está avaliando o impacto da medida, ouvindo montadoras e empresas do setor. Nenhuma decisão formal foi tomada até agora, mas a movimentação já mostra que o bloco está disposto a acelerar a transição para veículos elétricos.
Vale lembrar que, mesmo antes dessa nova proposta, a União Europeia já definiu que as vendas de carros a combustão devem acabar até 2035. Portanto, o plano para as frotas corporativas é apenas uma antecipação de algo que já está no horizonte.
Quer ver mais notícias? Acesse nosso canal no WhatsApp
O Brasil pode seguir o mesmo caminho?
Embora o Brasil ainda esteja longe de adotar uma medida parecida, a pressão internacional por uma mobilidade mais limpa pode influenciar os rumos do setor por aqui. Grandes montadoras estão investindo pesado em elétricos e o próprio governo federal tem dado sinais de apoio a políticas de eletrificação, como o programa Mobilidade Verde.
Se a Europa realmente proibir a compra de carros a combustão para frotas empresariais já em 2030, isso pode acelerar a chegada de novas tecnologias ao mercado brasileiro, principalmente nos segmentos de locação e transporte corporativo.
Conclusão: um novo capítulo na eletrificação da mobilidade
A proposta da União Europeia de exigir carros 100% elétricos nas frotas corporativas a partir de 2030 ainda está em debate, mas já deixa claro que o continente pretende apertar o passo na corrida por uma mobilidade mais sustentável.
Se implementada, essa mudança poderá transformar o mercado automotivo europeu mais cedo do que se imaginava, gerando reflexos no mundo inteiro. O que hoje parece radical, amanhã pode ser o novo normal — e as empresas precisarão estar prontas para isso.
Confira Também: O dia em que Senna quase trocou a F1 pela Indy e impressionou todo mundo